como brincar de não
ser algo, ser nada. brincar de pique esconde com a própria alma, se
perdendo de si mesmo. engolindo todas as mágoas, como se mágoas não
tivesse, como brincar de não ser o que é, de ser ninguém. ser as
vezes mais, as vezes menos do que ostenta. lançar lágrimas num chão
de açúcar, e quebrá-lo todo a sua volta, sem sentimentos, sem dor,
e de toda aquela paz, cair em si, no abismo entre a realidade e o
sonho, onde tudo que é sonho parece tão real e tudo que é real
parece sonho, e que segura dentro de si a verdadeira cara, ou posso
dizer o verdadeiro 'eu', para jamais tornar-se, diante de outrem, um
fraco, um derrotado. com chama nos olhos, passos decididos, como se
realmente aquilo significasse tanto, mas no fundo não representa
nada. desleixo, impaciência, imoralidade, inconsciência,
irresponsabilidade, irritabilidade. se perguntando todo dia “pra
que nascer? morrer pra quê?”, como se fosse mudar todo esse peso
infernal que parece não sumir dos ombros. como um peso de mentira
mal contada, de noites mal dormidas, de perdas mal superadas, de
nojos mal compreendidos, de história mal lembradas, de dias mal
vividos, de arrependimentos mal aceitos, de perdões mal pedidos, de
tarefas mal acabadas, de decisões mal tomadas. é como não ligar
pra nada e para tudo ao mesmo tempo, como se nada fizesse tanto
sentido quanto fez ontem, e vice-versa. e todos os sorrisos se fecham
e aquele pequeno feixe de luz de repente se apaga.
eei!
ResponderExcluiroi sumida
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