sexta-feira, 20 de julho de 2012

Eu não sonhava com cores, era tudo bem preto e branco, era tudo sem importância, eu realmente não ligava se chegaria a algum lugar ou se teria dinheiro e uma casa só minha pra morar. Agora eu também não ligo se minha saúde está indo pro buraco e se está tudo certo, se eu ando desperdiçando vida quando acordo a qualquer hora e fico horas sentada olhando para o nada. Sinceramente eu me importei quando sonhei em acordar do seu lado o resto da minha vida, não sei porque eu me importei tanto, porque casar sempre me assustou muito, mas do seu lado era diferente, eu tinha um sentimento que me completava de uma forma que eu, realmente, adoraria saber explicar. Novamente tudo já não faz sentido (clichê), mas é estranho que eu sonhei um dia que estava chegando em nossa casa, depois de trabalhar, você já havia chegado, então eu me envolvi toda nos seus braços e se existisse algum sentimento bom em mim, aquele era todo seu, inteiramente, e no sonho a gente ria e entendia nossos pensamentos, porque pareciam tão fáceis de prever, você me lia e relia dos pés a cabeça como sempre e eu sorria e me divertia com esse seu jeito.
Eu joguei um vaso precioso no chão, tão cheio, tão incrível, tão amado, e ele espatifou em mil pedaços, aqueles pedaços entraram em minha carne e encravaram se tornando parte de mim, a dor era cada vez mais terrível, e cada dia mais eu desejava a morte a ter que sentir tudo. Eu tentei tantos remédios, mas as feridas expostas me afundavam em dor, e tentando esquecê-las eu ia vivendo, seguindo, mas as pancadas que tomava nelas o tempo todo, mantinham-nas abertas, e eu sozinha sentia escorrer o sangue que regava minhas noites sem sono ou mal dormidas. Não há lugar bom para estar, não há diversão para se apreciar, não há boa comida para se degustar, nem em esperanças se pode falar. Havia um motivo que me fazia sonhar mais alto do que eu imaginava chegar um dia, não consigo nem me esforçar, nem mesmo fingir que não penso que tudo o que faço é em vão. Minha vida sempre foi um misto de nada com o que deve ser feito, que as vezes eu até me engano quando penso no que eu realmente gosto.
Nunca mais vou te ter de novo, de novo e de novo, e quantos "de novo" forem necessários, eles nem existem mais. Você sempre me jogou pra frente, quando me conheceu, eu era parada, eu estava fazendo tudo por fazer, tudo o que eu queria era por mera necessidade e por pressão social. Mas quando eu a tive, eu precisava fazer tudo aquilo, eu precisava depois de um dia inteiro deitar do seu lado e ver que minha vida fazia algum sentido. Estava sempre ali, de braços abertos, a me esperar, me amando, me vivendo, por momentos eu assisti, por momento eu me segurei, eu errei, e não tenho medo de dizer que errei, eu só tenho raiva de dizer isso, de saber disso.
Você se foi pra nunca mais voltar, eu fiquei e você andou, você se apaixonou, você se entregou, você trocou palavras de afeto com um outro alguém, e eu me esqueci, me abandonei, me perdi. Sei, porém, que dor, saudade, arrependimento e o amor que sinto não vão trazer você de volta. Te amei demais, te amo demais, mas esse amor ficou aqui e não ai, que era o único lugar em que deveria estar. Você já está bem, você já está feliz novamente, pena que não é ao meu lado, pena que alguém vai levar seu coração e todo o seu amor pra bem longe de mim, e eu, bem, eu, por outro lado, vou ficando aqui.

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