Eu andava sob aquela fininha chuva, eu a vi desenhar seu
corpo lá de longe, pude ver que era você; eu queria correr, eu queria chamar
você, eu queria abraçar você, e então hesitei, imóvel, pude ver então, que não
estava só. Meu queixo, que tremia com o frio, endureceu, já não sabia se o que
escorria sobre minha face eram as àguas da chuva ou as dos meus olhos.
Comecei a perceber que meus olhos já estavam chuvos como
as nuvens, as nuvens chorosas como meu coração. Um calor invadiu- me, ou meu
corpo expeliu- me, mas sei que não podia sentir nada além do que palavras não
são passíveis de dizer, de explicar.
Via aqueles dois
próximos, seus rostos se desenhando cada vez mais visíveis, cada vez mais
reconhecíveis. Aqueles dois, e eu. Implorava para que minhas pernas me
obedecessem, mas elas pareciam não pertencerem a mim, pedia em meu silêncio
para que passassem sem se darem conta de quem estava ali.
Desisti de pensar, de mandar meus membros mexerem, e o frio
me invadiu novamente, eu tremia, chorava, soluçava, e aqueles dois passaram. A
mim coube apenas esquecer.
DEFINITIVAMENTE CAIA
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