domingo, 4 de julho de 2010

Do riso ao pélago


     Eu andava sob aquela fininha chuva, eu a vi desenhar seu corpo lá de longe, pude ver que era você; eu queria correr, eu queria chamar você, eu queria abraçar você, e então hesitei, imóvel, pude ver então, que não estava só. Meu queixo, que tremia com o frio, endureceu, já não sabia se o que escorria sobre minha face eram as àguas da chuva ou as dos meus olhos.   
     Comecei a perceber que meus olhos já estavam chuvos como as nuvens, as nuvens chorosas como meu coração. Um calor invadiu- me, ou meu corpo expeliu- me, mas sei que não podia sentir nada além do que palavras não são passíveis de dizer, de explicar.
     Via aqueles dois próximos, seus rostos se desenhando cada vez mais visíveis, cada vez mais reconhecíveis. Aqueles dois, e eu. Implorava para que minhas pernas me obedecessem, mas elas pareciam não pertencerem a mim, pedia em meu silêncio para que passassem sem se darem conta de quem estava ali.
     Desisti de pensar, de mandar meus membros mexerem, e o frio me invadiu novamente, eu tremia, chorava, soluçava, e aqueles dois passaram. A mim coube apenas esquecer.

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