domingo, 29 de novembro de 2009

Vai passar (passou)

Construi paredes, muros ao meu redor, você estava fora dos muros. Porém eu não tive força para segurá-los, tremeram e tremeram, até que enfim desabaram de forma avassaladora, sobrando apenas ruínas do que antes foi minha armadura, meu porto seguro contra paixões. Agora eu não sei o que fazer. Você se tornou algo que dói, mas contraditóriamente uma dor que eu gosto de sentir. Eu traço caminhos loucos, mas nenhum que me faça prender o foco, e quando é você que eu vejo meu foco se perde, eu perco a orientação, eu perco a timidez, eu quero falar tudo, por pra fora o que está tão preso.

Tomo um pouco a cada dia o venono que eu expeli, e que vem com um gosto amargo de arrependimento, estive tão próxima. Incompreensível como fui deixar isso acontecer, eu chequei os muros todos os dias, fiz reformas, fortaleci-os. Mas você, você derrubou-os com tanta facilidade, perdi-me da minha única orientação, os muros eram o máximo que eu podia ver de um horizonte. Agora, o horizonte é bem mais amplo, e não consigo me prender em algo que não seja você, estou tão desorientada.

Dizem que o tempo é o único remédio, mas há tempos eu espero o efeito. Tentar me convencer de que é tudo uma mentira, tentar me enganar fingindo que posso gostar de outro alguem é me enganar duas vezes. Só consigo dizer que você é a única pessoa, eu não quero qualquer outro alguem, mesmo que não possa ter você, mesmo que nunca mais te veja. Agora, só o que eu consigo querer, consigo pensar, mesmo que seja algo sem explicação, é você.

Meu tato não sente, meus olhos não veem pessoalmente, meus ouvidos tão pouco podem ouvir, teu cheiro me é estranho, entretanto, meu coração não bate por outra pessoa, meus pensamentos não se direcionam a outra pessoa. Tudo isso é você em mim, mesmo que eu não esteja em você.