Quando eu abri os olhos naquela manhã, parecia que algo
diferente estava dentro de mim. Talvez vazio, e eu ficava me perguntando o que
teria ocorrido com aquele pobre coração, talvez de tão perturbado e cheio, de
tão cansado, finalmente se esgotou. Sonhava com as belas paisagens e um grande
amor, acordava com aquele mesmo gosto de nada, deitava pra voltar para o sonho
e ver se meu coração respondia.
Me acostumei com a história de um coração
calado, sem graça, pacato e acostumado a bater conforme suas funções. Parecia
que ele ia ficar dormindo lá, quieto, quando de repente eu me pego pensando e
respirando fundo para conter calada aquele sentimento que parecia ressurgir das
cinzas como uma fênix, me atingir bem no peito como uma bala a queima roupa e a
arder novamente.